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Todo mundo sabe o quão importante é a trilha sonora em um filme.

Não importa se estamos falando da trilha original, que dá a cara que o diretor quer pras cenas e pros momentos chave do roteiro, ou de alguma música já conhecida que se encaixa direitinho em certa cena e dá o tom dela, mesmo que pareça muito fora do contexto. Muitos diretores fazem isso sempre, tipo o Tarantino fez na cena da luta da Bride com a O-Ren em Kill Bill Vol. 1. Quem imaginaria que Don’t Let Me Be Misunderstood seria perfeita praquela cena? Genial demais aquilo.

E foi pensando nesse tipo de coisa que resolvi fazer esse ranking. O tema é “cenas com músicas que não parecem encaixar nada no contexto mas ficam fodas mesmo sendo completamente nada a ver com nada e dão um tom de estranheza pra porra toda”. Infelizmente não coube tudo isso no título, então resumi. Só pra constar, não tem uma classificação de mais legal ou melhor, só coloquei as que me vieram na cabeça e achei legal divulgar. Muitas fazem muito mais sentido dentro do filme, sabendo o contexto e tal, mas acho que o intuito é fazer com que quem ler esse texto tenha vontade de assistir. Sei lá.

Ah, e muitas delas têm spoilers do tipo fim do filme. A partir daqui é por sua conta e risco, mas vou tentar ser o menos agressivo possível.


THE FINAL GIRLS (2015)

Dirigido por Todd Strauss-Schulson; com Taissa Farmiga, Malin Akerman, Adam Devine

MÚSICA: Bette Davis Eyes (Kim Carnes)

O filme é uma homenagem aos slashers dos anos 80 e essa cena se trata basicamente da resolução do plot todo: a final girl se sacrificando ao som da sua música preferida. Faz muito sentido e é sensacional, inclusive, dentro de todo o desenvolvimento da história e tem a vantagem de colocar um nó na sua garganta e não deixar que você consiga desatar por um tempo.

Na verdade, não era essa cena do filme que eu queria, era uma bem menos spoiler, mas não consegui achar em lugar nenhum. Ah, e comecei por ela porque foi a que me inspirou a fazer o Ranking.


KICK-ASS (2010)

Dirigido por Matthew Vaughn; com Aaron Taylor-Johnson, Nicolas Cage, Chloë Grace Moretz

MÚSICAS: The Tra La La Song (The Dickies) e Bad Reputation (The Hit Girls)

Acho que, quando pensamos nesse tema (coisa que todo mundo faz praticamente todo dia, eu sei), uma das primeiras cenas que nos vêm à cabeça é a da primeira aparição da Hit Girl em Kick-Ass. Cena linda que mostra com clareza o que você vai ver dali em diante e como a Moretz vai fazer um sucesso desgraçado nessa vida porque ela merece.

Ah, e bônus, essa é igualmente foda:


KINGSMAN: THE SECRET SERVICE (2014)

Dirigido por Matthew Vaughn; com Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson

MÚSICA: Free Bird (Lynyrd Skynyrd)

Essa cena é absurdamente conhecida e na verdade o filme fez um sucesso considerável por causa dela. também é baseada em hq do Mark Millar, então espere algo tipo (ou pior, ou melhor) o que foi visto nos vídeos anteriores.


ANOMALISA (2015)

Dirigido por Charlie Kaufman; com David Thewlis, Jennifer Jason Leigh

MÚSICA: Girls Just Wanna Have Fun (Jennifer Jason Leigh)

Mudando um pouco o tom das cenas anteriores, essa é mais introspectiva e funciona dentro do contexto do filme. Resumindo, Michael é um cara que não vê graça nenhuma na vida e conhece uma moça que meio que é diferente de tudo que ele tá acostumado. E é aqui que ele percebe isso. A força que ela tem dentro da história é inegável e olha, te deixa até meio sem rumo, ainda mais quando rola identificação com a situação do cara.


INLAND EMPIRE (2006)

Dirigido por David Lynch; com Laura Dern, Jeremy Irons

MÚISCA: The Loco-motion (Little Eva)

O filme fala de uma atriz que fica muito absorta pela personagem que tá fazendo e começa a dar umas deliradas e cacete, essa cena é absurdamente bizarra. O filme em si já é bem David Lynch, com aqueles tons de estranheza e incômodo, mas ESSA CENA me deixou bem mal quando assisti por ser muito perturbadora. Sei lá, não consigo explicar o que me deixou tão… argh.


E… ~BÔNUS~!!!

GOD BLESS AMERICA (2011)

Dirigido por Bobcat Goldthwait; com Joel Murray, Tara Lynne Barr

MÚSICA: I Never Cry (Alice Cooper)

Frank descobre que vai morrer em breve. Frank decide sair por aí fazendo o que acha que deve fazer. E o fim do filme tá aí, depois de um belo discurso sobre várias coisas que ele (e algumas pessoas EU) pensam e não poderiam deixar de ser ditas. Não tem muita música nesse, mas coloquei como bônus aqui porque termina com música e o post e meu e eu faço o que quero.

 

E é isso. Chega.

Pixadores

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PIXADORES

(Tuulensieppaajat – Finlândia/Dinamarca/Suécia, 2014)

Direção: Amir Escandari

Elenco: Djan Ivson Silva, Ricardo Rodrigo de Lima Luís, William Pereira da Silva, Edmilson Vitor dos Santos Barbosa (Biscoito)


“Prefiro ser odiado do que ser invisível.”

São Paulo é a cidade mais populosa do Brazil, da América do Sul, da América Latina e de todo o hemisfério sul desse vasto planeta denominado (por nós) Terra. Tem muita gente nessa cidade. Gente pra caralho mesmo. Os cidadãos que nela transitam todos os dias quase nunca reparam em nada ao seu redor, pois sempre estão com pressa ou não têm o menor interesse na própria cidade em que vivem, viveram e viverão suas curtas e (em grande parte) tristes vidas. A maioria deles permanece anônimo aos olhos da sociedade num geral. Nem todos, broto… nem todos.

Pixadores mostra parte da história de quatro caras que se dedicam a uma atividade bastante praticada nessa grande capital: a pixação. Djan, Ricardo, William e Biscoito são membros do grupo Os Mais Fortes, que deixa suas marcas por toda a metrópole nos altos dos prédios, arriscando suas vidas pelo simples propósito de se expressarem, da única maneira que sabem e podem.

Os Mais Fortes

Os Mais Fortes

Inicialmente, o filme apresenta cada membro do grupo individualmente e as relações entre si e com os membros da comunidade onde vivem. Em certo momento, é mostrada a viagem do grupo a Berlim, quando foram convidados pra mostrar sua arte em uma Bienal. Que momento incrível, pensaria você, que honra deve ser pra esses rapazes participar de algo tão grandioso e que bela chance eles têm de se mostrar pro mundo todo, como sempre foi o objetivo. E é isso que acontece, mas da maneira deles.

O cunho social é parte chave do plot desse documentário e tem como objetivo principal apresentar o universo da pixação e suas motivações pros gringos, principalmente (dado que o filme foi exibido pela primeira vez hoje no Brazil, com direito a presença do diretor e de um dos meninos, Ricardo, na sessão da Mostra no Belas Artes); o que o difere um pouco de Pixo (documentário brasileiro de 2009), que mostra mais forte a origem e a cultura da pixação como um todo. A todo momento, temos depoimentos dos envolvidos dizendo o que a pixação representa na vida deles e o quão forte é esse movimento pra uma parte da população que vive à margem da sociedade. Acho legal frisar que, na minha opinião, é de suma importância que todos tomem conhecimento dessas motivações. Ninguém é obrigado a gostar nem simpatizar, mas é necessário que conheçam.

Site oficial do filme: http://www.pixadoresfilm.com/

Pra quem tiver interesse em assistir, tá em exibição na Mostra Internacional de Cinema. Horários e locais: http://39.mostra.org/br/filme/8507-PIXADORES

Cruel

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CRUEL

(Cruel – França, 2014)

Direção: Eric Cherrière

Elenco:  Jean-Jacques Lelté, Magali Moreau, Maurice Poli


Pierre é um trabalhador comum de quase 40 anos, pulando de emprego em emprego sempre, mora com o pai que tem Alzheimer em uma cidadezinha na França e parece não ter perspectiva nenhuma na sua vidinha miserável e ingrata. Mas tem: quem será sua próxima vítima. É disso que se trata o plot (bem sucintamente) de Cruel.

O filme causa um estranhamento inicial, já que o forte do cinema francês nunca foi thriller, psicopatas, suspense, gore, loucuras, obsessões (a exceção é Martyrs, que tem coprodução canadense; puta que pariu, como Martyrs é primoroso nesses aspectos). Ou seja, bem legal ver uma outra vertente dessa escola sempre tão pseudo e romântica. Legal pra conhecer, porque veja bem…

Um outro pôster meio bosta do filme porque não achei nenhum screenshot.

Um outro pôster meio bosta do filme porque não achei nenhum screenshot.

Vamos lá.

O início do filme é bom. Tem uma fluidez legal, a história te prende e é interessante como o roteiro constrói bem a personalidade do personagem principal, Pierre, e suas relações com as pessoas mais próximas (umas até que nem sabem quão próximas são dele). Mas tem uma hora que tudo caga. E o filme começa a ficar… francês.

A partir daí o roteiro desliza e muitas partes se tornam sem sentido só pra incluir uma mudança no plot que não era nem um pouco necessária. Até o gênero do filme pula pro drama de repente e você fica se perguntando quando foi que trocou o protagonista e por que esse cara novo é mais chato e por que ele tá fazendo aquilo e caralho cara para com isso e porra acabou o filme. Resumindo, temos dois momentos distintos no filme (que com certeza foi intuito do autor): a parte legal com psicopatias e antissocialismos, e a parte chata que é spoiler.

Pra quem tiver interesse em assistir, tá em exibição na Mostra Internacional de Cinema. Horários e locais: http://39.mostra.org/br/filme/8615-CRUEL

The Lost Skeleton of Cadavra

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THE LOST SKELETON OF CADAVRA

(The Lost Skeleton of Cadavra – EUA, 2001)

Direção: Larry Blamire

Elenco: Larry Blamire, Fay Masterson, Jennifer Blaire


Se pudesse escolher um gênero de filme que não me chama muito a atenção, esse gênero seria comédia. Poucas coisas que assisti até hoje são realmente boas e a grande maioria não cumpre seu objetivo inicial (filmes de terror trash me fazem rir muito mais, por exemplo, além de serem melhores em todos os outros aspectos TODOS MESMO). Mas um diretor/roteirista/ator que conseguiu me conquistar com um tipo de humor estranho e bem diferente da maioria dos enlatados que chegam ao público comum foi Larry Blamire.

O filme conta a história do Dr. Paul Armstrong (interpretado pelo próprio Blamire), que se dirige ao interior dos Estados Unidos em companhia da sua esposa com o intuito de encontrar um novo elemento, o Atmospherium, que pode ajudar a humanidade de modos que nem o próprio roteirista pode imaginar. Claro que sua busca não será tão fácil, pois muitos outros personagens da trama também têm o mesmo objetivo que ele e nem todos com boas intenções. Uns nem humanos são.

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Um dos hábitos incompreensíveis do planeta Terra que os alienígenas precisam enfrentar.

The Lost Skeleton of Cadavra tem todos os elementos dos filmes sci-fi antigos: monstros, cientistas loucos, aliens, norte-americano que ri feito imbecil, papo científico de coisas que não existem, cientistas não tão loucos, entre outras coisas. Fato é que Blamire curte esse tipo de cinema (dá pra ver pelos outros filmes dele, todos na mesma temática) e quis fazer sua homenagem. Mas do seu jeito especial.

Todo clichê é abordado e satirizado de uma forma bastante não-convencional. Grande parte das piadas são feitas nos diálogos (fica complicado de achar tanta graça no filme se não manjar um pouco de inglês, ainda mais por só ter uma legenda disponível em português na internet inteira e ela não tá lá grandes coisas) e no paralelo que o espectador faz com as características típicas do gênero no seu início.

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Você diria que essa simpática caveira pode ser um dos maiores gênios do mal que a História do Cinema já teve?

Mesmo sendo uma grande alopração da ficção científica típica dos anos 50, representada por The Day the Earth Stood Still, The War of the Worlds, Invasion of the Body Snatchers, entre outros, o filme consegue agradar também os que não são muito fãs do gênero (presente). Recomendo mais que uma lobotomia.

E chega de escrever por hoje. I SLEEP NOW.

Digging Up the Marrow

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DIGGING UP THE MARROW

(Digging Up the Marrow – EUA, 2014)

Direção: Adam Green

Elenco: Adam Green, Will Barratt, Ray Wise


O diretor de filmes de terror, Adam Green, dá início a um projeto de documentário sobre monstros na indústria cinematográfica. Todo amante do gênero, inclusive ele, sabe a importância que esses seres fantásticos tiveram e sempre terão dentro do imaginário popular e como eles fazem sucesso nessa vertente do cinema. Nada mais justo que fazer um documentário sobre o assunto.

Durante sua pesquisa, ele se depara com uma carta de um senhor que diz que pode provar que monstros são reais. Muitas pessoas ignorariam o velho louco, outras com certeza tirariam sarro dele, mas Adam Green decide dar uma chance pra ele. Afinal, quanto mais material pro documentário, melhor. Na primeira visita, o homem cita um local chamado The Marrow, que seria onde esses monstros vivem e mostra ilustrações de como eles são.

Aqui temos um dos bichos.

Aqui temos um dos bichos.

A história do senhor começa a tomar corpo e fica cada vez mais fantasiosa, mas ele se mostra muito crente no que tá dizendo. Se oferece até pra levar a equipe toda de filmagem pro local onde supostamente está The Marrow. Quer de qualquer jeito provar que tá certo. E as coisas começam a ficar… esquisitas a partir daí.

Esse é um estilo de filme que ficou bastante em alta desde a estreia de The Blair Witch Project, o mockumentary. Grande parte deles trata de tentar convencer o espectador que tudo ali aconteceu de verdade, usando elementos como atores bastante desconhecidos e/ou amadores, câmeras de mão, essas coisas. Paranormal Activity ressuscitou o gênero e hoje ele é até um pouco saturado no mercado.

“É ali onde vivem os monstros”. Opa, filme errado.

Mas me admira o jeito que Adam Green trata o estilo e como ele o coloca no filme. Famoso por Frozen (não o do Let It Go, mas sim pelo que ficou conhecido aqui como Pânico na Neve) e pai do grande Victor Crowley, assassino da trilogia Hatchet e responsável por uma das melhores mortes da história, Green deu aquela reinventada no gênero, fugindo desse lugar comum que andam os enlatados. O cara é um grande fã de filmes de terror, trabalha direto em seus filmes com grandes ícones do gênero, como Kane Hodder e Danielle Harris, então é de se esperar que fará algo interessante pra quem é do rolê.

Aliás, ele também fez um curta que mostra como Michael Myers aprendeu a dirigir. É genial.

Primer

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PRIMER

(Primer – EUA, 2004)

Direção: Shane Carruth

Elenco: Shane Carruth, David Sullivan


Imagine que você e seu melhor amigo façam um projeto legal todo fim-de-semana. Imagine que esse projeto envolva reduzir o peso de um objeto, algo que muita gente tenta fazer todos os dias (sente a ironia). Imagine que esse projeto dá resultados satisfatórios, contrariando suas expectativas. Imagine que o resultado desse projeto tem um efeito colateral tão absurdo que o fato de você ter desafiado a lei da gravidade e vencido é algo extremamente irrelevante, só com o vislumbre do que ainda pode fazer com sua nova descoberta. Esse é o começo da história de Primer.

Sim, só o início de tudo, o fato desencadeador de toda a trama que virá a seguir. Parece complexo, não? Na verdade, é mais complexo que isso. Desde o início do filme, os diálogos entre os personagens são carregados de termos técnicos e científicos, e acho que isso fez muita gente desistir do filme, da vida e de tudo mais. Conforme a trama ganha forma, essa parte mais nerd se perde, mas dá lugar a outro pensamento: que porra tá acontecendo aqui?

Esse esquema explica tudo, é bastante simples.

Esse esquema explica tudo, é bastante simples.

Um dos maiores trunfos (ou pecados, na opinião de alguns) de Primer é a complexidade anormal da trama. Podemos dizer que a história tenta ser clara e, ao mesmo tempo, não quer ser. Tirar o espectador do lugar comum, convidá-lo a pensar fora da caixa e desvendar o que tá acontecendo são pontos fortes do filme. Nada é explicado com clareza, mas a narrativa te dá elementos pra que você ligue os pontos e descubra como a história chegou naquele ponto.

Quem assiste pela primeira vez, inevitavelmente vai se perder em algum momento. Além de ser denso em grande parte de suas uma hora e dezessete minutos, a narrativa não é linear e conta com elementos de fora que não são desvendados até o final, mas são revelados aos poucos durante o filme. Pra resolver esse problema, uma alma caridosa fez um desenho pra que todo mundo entendesse. Recomendo que veja o link só depois de assistir ao filme umas quatro vezes.

As caixas

As caixas

Outro ponto interessante é que o roteirista, diretor, produtor, editor e ator principal do filme, Shane Carruth, é matemático e ex-engenheiro, além de tudo isso que já foi citado. O filme foi realizado com apenas sete mil dólares, e rendeu pra ele mais de quatrocentos mil. O broto é promissor e só fez mais um filme desde então, Upstream Color, mas ficaremos de olho.

Ah, e pode reclamar aqui caso o filme te dê dor de cabeça de tanto pensar.

Tusk

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TUSK

(Tusk – EUA, 2014)

Direção: Kevin Smith

Elenco: Justin Long, Michael Parks, Genesis Rodriguez, Haley Joel Osment


Dois amigos fazem um famoso podcast, onde eles alopram sem pudor algum vídeos que viralizaram na internet. Um deles, Wallace Bryton, vai até Manitoba, no Canadá, pra entrevistar uma das estrelas dos vídeos, mas um problema acaba acontecendo e ele não consegue entrevistar o cara. Pra não perder a viagem, vai em busca de outra pessoa pra entrevistar e acaba achando em um bar um panfleto que oferecia uma estada grátis em uma pousada, em que o hóspede só precisaria ouvir as histórias do dono do local. Chegando lá, ele conhece Howard Howe, que conta histórias fantásticas de sua vida no mar. Dentre elas, a mais importante para o homem é a de quando ele foi salvo por uma morsa após um naufrágio, e como ele se apegou ao animal.

 Wallace Bryton e Teddy Craft gravando o The Not-See Party

Wallace Bryton e Teddy Craft gravando o The Not-See Party

É a partir desse ponto que as coisas começam a ficar estranhas. Depois desse encontro, ninguém mais consegue contatar Wallace, e seu amigo e sua namorada decidem ir até o local pra investigar o que houve. E o que houve ali que é o interessante do filme.

Tusk é uma obra recheada de surpresas. Até agora não consegui definir em que estilo esse filme se encaixa; se é suspense, comédia, thriller, drama, infantil, sei lá que porra é essa. Há uma alternância de estilos e algumas partes até dependem do seu humor no dia pra ter uma definição de onde se encaixaria. Acho que essa loucura toda ajudou bastante na recepção bem inconstante do filme. Li muitos artigos de gente que odiou, mas também li uns de gente dizendo que era uma bela obra da Sétima Arte.

Cada coisa que acontece no mar...

Cada coisa que acontece no mar…

Um fato interessante sobre o filme é quem escreveu e dirigiu, Kevin Smith. Quem é das antigas sabe que ele é conhecido por Clerks e Mallrats, filmes bem nerdões e cultuados por uma galera. O próprio faz o personagem Silent Bob em grande parte dos seus filmes, já fez roteiro pra hq do Demolidor, entre outras coisas. Mas já faz um tempo que, pelo menos nos filmes, mudou um pouco de estilo. Tusk tem uma pegada mais parecida com Red State, e é o primeiro de uma trilogia intitulada True North, cujo segundo filme tá previsto pra agosto desse ano e tem como protagonistas personagens já introduzidas em Tusk.

Mais interessante ainda é de onde veio a ideia de Tusk. Kevin Smith também é podcaster, como os protagonistas do filme, e em uma das edições do seu SModcast um ouvinte mandou um email falando de um flyer que viu na rua, de uma pousada que oferecia quartos de graça se a pessoa se vestisse de morsa por uma noite. Smith gostou tanto da ideia que perguntou se os ouvintes assistiriam um filme com esse tema. Muita gente curtiu a ideia, foi uma loucura no Twitter e pronto, Tusk aconteceu.

Aliás, a filha dele se chama Harley Quinn e também participa do filme. Junto com a filha do Johnny Depp, que chama Lily-Rose.

Symbol

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SYMBOL

(Shinboru – Japão, 2009)

Direção: Hitoshi Matsumoto

Elenco: Hitoshi Matsumoto, David Quintero


Um homem acorda em uma sala inteira branca, sem janelas ou portas. Estranhando sua situação, procura por algo que revele onde ele está, ou como pode sair de lá. Não encontra nada além de um interruptor na parede. Quando decide apertá-lo, as coisas começam a ficar um pouco… bizarras.

Em paralelo, em uma cidadezinha do interior do México, um luchador veterano está em sua casa aguardando o momento de ir pra mais um de seus combates, com um oponente bem mais novo que ele. Quando sua filha, uma freira, chega para buscá-lo, EscargotMan se despede de sua família e se dirige ao local da luta.

Esse é só o começo de Symbol, um filme que traz toda a esquisitice do cinema japonês de uma maneira não muito convencional.

O interruptor.

O interruptor

O plot de Symbol é simples: você acompanha a saga do homem do pijama amarelo de bolinhas tentando escapar da sala, como se estivesse resolvendo um puzzle com as peças que tem ao seu dispor; e acompanha a trajetória de EscargotMan até o ringue, passando por como sua família interage com sua profissão.

Mesmo com toda a simplicidade, alguns fatores intrigam bastante o espectador. Há alguma relação entre as duas histórias? Algo que as conecte ou faça algum sentido nessa monstruosidade toda? Que porra é essa que eu tô assistindo agora? Todas essas perguntas perguntas passaram pela minha cabeça enquanto assistia, e aposto que pelo menos uma também passará pela sua.

O protetor da luta-livre mexicana, ídolo das criancinhas, EscargotMan.

O protetor da luta-livre mexicana, ídolo das criancinhas, EscargotMan.

Dirigido, escrito e estrelado por Hitoshi Matsumoto, membro do famoso grupo de comédia Gaki no Tsukai (bastante conhecido pelas esquetes da biblioteca que não podia fazer barulho, ou da aula de inglês que não podia rir, ou do jogo da ratoeira humana que dava uma estilingada nas bolas do participante que errasse a pergunta), Symbol traz bem forte o estilo de comédia japonês que nem todo mundo gosta e tá acostumado por aqui.

Ele também escreveu, dirigiu e atuou em outros filmes, como Big Man Japan (mockumentary mostrando a vida de um cara cuja profissão é ficar gigante e combater monstros) e Saya-zamurai (em que um samurai que anda só com a bainha de uma espada é preso e tem que fazer o filho do imperador rir, ou será executado). Uma boa pra quem quer diversificar um pouco e também se surpreender.

Welcome to the Emerald Room

Post inaugural (ou nem tanto, já que o blog é reciclado) só pra definir bem a (nova) diretriz desse espaço: fazer uma mini-resenha de filmes que eu acho que ninguém viu, mas todo mundo deveria assistir. Normalmente serão filmes com tons mais bizarros, plots meio fora do comum e coisas que eu acho que só eu no mundo inteiro achei legal.

O objetivo é tentar dar dicas de coisas que normalmente não entram em cartaz no cinema do lado da sua casa, que você provavelmente não vai achar no Netflix e nunca assistiria ou sequer ouviria falar se não fosse por esse lugar. Vou tentar fazer um texto por semana, sempre curto, objetivo e livre de spoilers do filme em questão, só pra tentar animar alguém a assistir aquela bizarria.

Enfim, divirtam-se e, se puderem, assistam aos filmes e comentem se quiserem ou puderem.